ruido silencioso
Palavras soltas de um ruído silencioso
29.9.09
7.6.09
O prometido é devido
Tal como tinha prometido ao grupo parlamentar do PS, entreguei-lhes hoje o primeiro de 3 cartões vermelhos. Agora, fico à espera das 2 próximas ocasiões. O prometido é devido. Não faltarei à palavra dada.
Até lá... ficam as musicazinhas.
18.5.09
Morreu um poeta!
Morreu um poeta. E a Terra fica mais pobre. Morreu o poeta das palavras simples. A minha homenagem:
Táctica y estrategia
Mi táctica es
mirarte
aprender como sos
quererte como sos.
Mi táctica es
hablarte
y escucharte
construir con palabras
un puente indestructible.
Mi táctica es
quedarme en tu recuerdo
no sé cómo ni sé
con qué pretexto
pero quedarme en vos.
Mi táctica es
ser franco
y saber que sos franca
y que no nos vendamos
simulacros
para que entre los dos
no haya telón
ni abismos.
Mi estrategia es
en cambio
más profunda y más
simple.
Mi estrategia es
que un día cualquiera
no sé cómo ni sé
con qué pretexto
por fin me necesites.
Mario Benedetti
30.4.09
Mentiras
Relata o Expresso online (http://aeiou.expresso.pt/criancas-levadas-a-mentir-para-o-tempo-de-antena-do-ps--=f511913) que as crianças da escola de Portalegre foram levadas a mentir para o tempo de antena do PS. Gravíssimo até porque queriam que uma criança dissesse que utilizava o Magalhães para fazer pesquisas na Internet. Qualquer adulto minimamente conhecedor destas áreas sabe que as crianças começam por utilizar os computadores para os jogos. Mas, como poderia essa criança utilizar a Internet para pesquisas se a própria professora afirma que elas não têm Internet em casa NEM NA ESCOLA? A estupidez levada ao máximo: fazer uma reportagem com crianças, com computadores numa escola sem Internet. Este sim é o Portugal real.
Mas mais grave ainda, e essa é a questão, é o sr director regional da educação do Alentejo dizer que apenas tinham sido informados os pais de dois irmãos e que a reportagem era com esses meninos. Ora, se a escola alargou a iniciativa, instaure-se processo disciplinar ao conselho executivo.
Claro, não se instaura processo ou inquérito à empresa que foi contratada, e paga, para filmar dois irmãos e desata a filmar todas as crianças que lhe aparecem pela frente com um Magalhães nas mãos.
Não se instaura inquérito aos responsáveis do tempo de antena do PS e que utilizam imagens sem se assegurarem da sua autenticidade ou da veracidade do seu conteúdo. Isso que interessa se serve os seus, do PS, interesses?
Interessa sim que um conselho executivo receba a mensagem: "Ou apagam esse fogo ou há processo disciplinar"!.
Isto sim, é a verdadeira democracia. Sem pressões!
14.2.09
Seguindo a sugestão de um amigo
Seguindo a sugestão de um amigo, cá vai esta preciosidade.
Porque cada vez que vejo o remetente DGRHE no meu mail fico com os cabelos em pé.
Exmos srs. Esta é a 3ª vez que solicito que não me incomodem com informação que reputo de publicidade. Copio o texto dos mails enviados anteriormente a Vªs Exªs: "Exmos Srs Novamente, informo Vªs Exsª que: 1º- este endereço de correio electrónico é pessoal, para uso privado e não profissional, não tendo nunca sido cedido aos serviços da Escola onde exerço funções profissionais; 2º- Este endereço de correio electrónico, pessoal, foi comunicado ao Ministério da Educação em virtude da minha candidatura electrónica, e em exclusivo, no 1º concurso de professores titulares. 3º- a Escola onde exerço funções forneceu-me uma caixa de correio electrónico, para uso profissional. Obviamente que não a utilizo para fins pessoais. 4º- Qualquer necessidade de informação relativamente a assuntos da Educação, da avaliação de desempenho docente, ou outros de áreas afins, satisfaço-as através de pesquisa (bibliografia, Internet, nomeadamente o sítio do Ministério da Educação, etc) ou junto dos serviços administrativos da escola onde exerço funções. Assim, e porque me autorizo o domínio dos emissores de correio na minha caixa de correio electrónica, fazendo uso, por exemplo, da opção de SPAM, solicito que qualquer esclarecimento ou divulgação, que necessitem fazer, o realizem através dos serviços administrativos da Escola onde exerço funções, do respectivo Conselho Executivo ou através do endereço electrónico que a Escola me cedeu. " Finalmente, gostaria de vos aconselhar a consultar as V/ bases de dados. Verificarão que a V/ informação não se aplica a mim. Portanto, façam a fineza, o obséquio (que não favor) de não me incomodarem mais com este assunto nem com os V/ mails. Com os melhores cumprimentos (Assinatura)
2009/2/13 <DGRHE.MEducacao@dgrhe.min-edu.pt>-
Professor,
Tendo em conta o elevado número de escolas que têm solicitado esclarecimentos sobre a fixação de objectivos individuais, importa informar o seguinte:
1.Os objectivos individuais são um requisito obrigatório quer para a auto-avaliação quer para a avaliação a cargo do presidente do conselho executivo; 2.De acordo com o Artigo 16.º do Decreto-Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro, é por referência aos objectivos individuais previamente fixados e ao respectivo grau de cumprimentos, que o docente efectua a sua auto-avaliação; 3.Da mesma forma, os objectivos individuais são elemento obrigatório na avaliação da componente funcional do desempenho, uma vez que só a partir da aferição do seu nível de execução é possível avaliar o contributo de cada docente para o cumprimento dos objectivos fixados no projecto educativo e no plano de actividades da escola, de acordo com o estabelecido nos artigos 10.º e 18.º do Decreto-Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro.
Assim, sem objectivos individuais fixados, não é possível avaliar o desempenho dos professores. Relembra-se ainda, relativamente aos procedimentos inerentes à fixação de objectivos individuais, que: 1.O prazo para entrega dos objectivos individuais deve estar definido no calendário aprovado pela escola; 2.Nas situações em que o prazo estipulado não seja cumprido, deverá o director notificar o docente desse incumprimento, bem como das respectivas consequências; 3.No entanto, poderá o director/presidente do conselho executivo, tendo em conta a situação concreta da sua escola, fixar os objectivos ao avaliado, tendo por referência o projecto educativo e o plano anual de actividades da escola (número 4, do Artigo 9.º, do Decreto-Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro).
A avaliação de desempenho docente começa para os avaliados com a entrega dos objectivos para o período avaliativo (número 1, do Artigo 9.º, do Decreto-Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro), atribuindo-se aos professores, desta forma, uma significativa responsabilidade individual, uma vez que se trata de profissionais com elevados níveis de competências e de autonomia. Aliás, no SIADAP, os objectivos individuais são sempre fixados a partir de uma proposta da hierarquia.
A recusa da entrega de objectivos individuais prejudica sobretudo os professores avaliados que, dessa forma, ou reduzem o espaço de participação e valorização do seu próprio desempenho, ou, no limite, inviabilizam a sua avaliação.
Esta informação deve ser divulgada junto de todos os professores, para que não restem dúvidas relativamente às suas obrigações no processo de avaliação de desempenho que não pode, em caso algum, ser reduzido a um mero procedimento de auto-avaliação.
Lisboa, 13 de Fevereiro de 2009.
Com os melhores cumprimentos,
DGRHE
8.1.09
Suspensão da Avaliação de Professores
Parece que Manuel Alegre disse um dia: "A mim ninguém me cala!".
Há muitas maneiras de calar e mais ainda de falar (porque calando também se fala).
Agora, não há dúvida que, uma personagem política deste país, disse um dia: "Olhe que não! Olhe que não!".
Após a abstenção do deputado socialista, hoje, na Assembleia da República, a propósito da votação da suspensão deste modelo (simplex mais o complex) da avaliação de professores, já sabemos quem o cala.
Talvez seja altura de o senhor deputado relembrar as palavras de homens verticais:
Soneto Presente
Não me digam mais nada senão morro
aqui neste lugar dentro de mim
a terra de onde venho é onde moro
o lugar de que sou é estar aqui.
Não me digam mais nada senão falo
e eu não posso dizer eu estou de pé.
De pé como um poeta ou um cavalo
de pé como quem deve estar quem é.
Aqui ninguém me diz quando me vendo
a não ser os que eu amo os que eu entendo
os que podem ser tanto como eu.
Aqui ninguém me põe a pata em cima
porque é de baixo que me vem acima
a força do lugar que for o meu.
(Ary dos Santos)
19.12.08
26.11.08
2 em 1
Primeiro, o Ministério da Educação diz que os professores (pelo menos os 120 mil manifestantes) estão a ser instrumentalizados pelos sindicatos.
Depois, diz que alguns professores estão a ser atemorizados e impedidos pelos outros (os tais instrumentalizados) de iniciar o seu processo de avaliação de desempenho.
Só falta dizer que os primeiros e os segundos estão a ser atemorizados e instrumentalizados pelo Ministério da Educação. Seria o 2 em 1.
11.11.08
Cegos e surdos
A ministra da Educação, os secretários de estado, o 1º Ministro estão CEGOS e SURDOS. Não vêem e não ouvem. Infelizmente, não estão MUDOS.
1. É MENTIRA que os professores não queiram ser avaliados!
2. É MENTIRA que os sindicatos os estejam a manipular. Muitos, quiçá a maioria, dos manifestantes não é sindicalizada.
3. É MENTIRA que só sejam 2 folhinhas. São um carro de papéis para preencher e um camião de pontos a avaliar.
4. É MENTIRA que o ambiente das escolas não esteja a degradar-se. Está e MUITO!!!!!!!!
5. É MENTIRA que as escolas estejam a trabalhar na avaliação. Algumas, sim, estão. Mas poucas. Talvez os seus dirigentes aspirem a ser ditadorzinhos de uma aldeia. Mas, a maioria está a tentar arranjar uma solução de bom senso para a falta de bom senso dos governantes. Porque os seus elementos (Conselho Executivo, coordenadores, professores) sabem o que é ensinar e educar jovens.
6. É MENTIRA que ...
Seriam tantos os pontos do É MENTIRA que me vou ficar por aqui. Há muitas formas de resistência!
6.11.08
A História, Saramago e eu!
Ontem depois de escrever o post, visitei o blog de Saramago. Num texto bem mais extenso que o meu e com mais mestria, como se esperaria, abordava o assunto do meu post.
Hoje fala sobre a história que me comoveu.
Ficam os links para ambos os seus posts. No dia em que em Portugal se publica o seu mais recente livro. Que eu espero ansiosamente ler.
http://caderno.josesaramago.org/2008/11/05/guantanamo/ http://caderno.josesaramago.org/2008/11/06/106-anos/
5.11.08
Já era tempo!
Já era tempo de eu retomar a escrita neste blog!
Já era tempo de os Estados Unidos mudarem!
Já era tempo de a democracia americana se impor!
Já era tempo de a razão imperar sobre as botas!
Agora, já é tempo de a América espalhar os seus valores de democracia e liberdade sem essa força das botas!
Já é tempo de pensar e agir relativamente à sua vergonha nacional que é Guantánamo!
Outrora, "I have a dream!".
Agora, "Yes, we can!"
7.4.08
30.3.08
Dith Pran
http://www.nytimes.com/slideshow/2008/03/31/nyregion/20080331_DITH_6.html)
Dith Pran foi o tradutor e repórter fotográfico do jornalista do The New York Times, Sydney H. Scanberg. Foi imortalizado no filme "Terra Sangrenta" (The Killing Fields, de Roland Joffé). Vi o filme aí por 1985, quando, após várias tentativas mal sucedidas de terminar um trabalho para uma cadeira da faculdade, decidi abandonar o dever e ir ao cinema. Ainda hoje acho que aprendi mais nessa tarde do que com o trabalho que acabei mais tarde.
Dith Pran sobreviveu ao terror dos Kmers vermelhos e a 4 anos de tortura e trabalhos forçados num campo de concentração. Exilado nos Estados Unidos, continuou a fotografar com um olhar crítico. E, com o mesmo espírito crítico, sonhava com o dia em que os responsáveis pelo terror contra o povo cambojano pagassem. O processo foi agora iniciado.
Lutador, Dith Pran não conseguiu vencer a doença.
Fotogaleria20.3.08
29.1.08
As palavras
As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpa. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes. Algumas palavras sugam-nos, não nos largam (...). As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras. (...)
A palavra, mesmo quando não afirma, afirma-se. A palavra não responde nem pergunta: amassa. A palavra é erva fresca e verde que cobre os dentes do pântano. A palavra é poeira nos olhos e olhos furados. A palavra não mostra. A palavra disfarça.
Daí que seja urgente mondar as palavras para que a sementeira se mude em seara. Daí que as palavras sejam instrumento de morte - ou de salvação. Daí que a palavra só valha o que valer o silêncio do acto.
Há também o silêncio. O silêncio, por definição, é o que não se ouve. O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa. O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, o húmus do ser, a melodia calada sob a luz solar. Caem sobre ele as palavras. Todas as palavras. As palavras boas e as más. O trigo e o joio. Mas só o trigo dá pão.
José Saramago "Deste Mundo e do Outro"
Despoluição
Lá para os lados da Indonésia, o ar ficou mais puro. Duzentos milhões de pessoas depois.
9.1.08
3.12.07
Despedidas?
Hoje vi na televisão uma reportagem sobre a exposição, patente na Fundação César Manrique, sobre a obra de José Saramago. Parece-me que se adivinham lágrimas no futuro. Próximo? Espero que não.
5.11.07
Sonhos
É bom continuar a ter sonhos mesmo que as derrotas queiram, por vezes, transformar-se em desilusões. Mas, há sempre alguém que diz Não.
Era bom que os miúdos de hoje pedissem, aos seus pais, a história outra vez. Em vez de pedirem telemóveis ou mp3.
7.10.07
Cérebros lentos
Dizem que o cérebro humano é uma belíssima máquina. Hoje, pareceu-me que essa máquina reage tão mais lentamente quanto maior for a tragédia.
A paisagem era deslumbrante. Ouviam-se gritos no cimo do castelo. Talvez alguém testando o eco ou, então, daqueles gritos que se dão quando chegamos ao cimo do mundo.
A mulher chegou vinda não se sabe de onde. Primeiro demorei a aperceber-me do que dizia. O meu cérebro ficou perdido na análise do rosto lunático e dos gestos descoordenados. "Viram duas meninas?"... "sózinhas"... "oito e dez anos"... As palavras foram chegando e acordando o meu cérebro. Essa expressão lunática devia-se ao desespero.
E o meu cérebro continua lento. Porque ainda não conseguiu responder-me o que sentirá uma mãe que perde o rasto às suas duas filhas.
18.9.07
Este mundo
Quando julgamos que já vimos e ouvimos tudo, que o horror não nos pode surpreender mais, eis que verificamos quão enganados estavamos.
Aconteceu, não há séculos, mas ontem. Na Austrália.
http://www.elmundo.es/elmundo/2007/09/18/internacional/1190133066.html?a=381914ed00c6e83113259893d043f66d&t=1190155125
http://br.youtube.com/watch?v=YOe6RgsjH4A