Por razões de saúde e de estética decidi seguir uma dieta. Após um ano e bastantes quilos a menos, cheguei a algumas conclusões. As positivas são fáceis de enumerar. Passa-se a usar números de roupa mais "aceitáveis" e a encontrá-los nas lojas. A imagem que temos de nós também é mais positiva. Mas são as conclusões sobre os pontos negativos que mais me surpreendem. Vejamos. Quando emagrecemos muito, passamos a ter como tema de conversa o tipo de dieta que seguimos. Não o fazemos voluntariamente mas porque os pedidos de explicação são tantos que chega a cansar-nos repetir até ao infinito o que comemos, como comemos e quando comemos. Depois, há aqueles olhares de inveja, especialmente do sector feminino. Sentimos o peso do sucesso que quase chega a ser de remorso e culpa. Depois, há aqueles amigos que passam a imitar-nos. Não porque decidam seguir um regime, mas porque passam a adoptar o nosso gesto mais comum: o da mão na cintura para puxar a saia ou as calças que teimam em ficar incontrolavelmente mais largos de dia para dia. E se sentimos um enorme prazer em verificar que a roupa começa a ficar larga, é aconselhável contratar os serviços de uma costureira para nos apertar permanentemente a roupa ou então teremos que ir comprando roupa com a noção de que, passado um mês, já não servirá porque estará grande. Tal como acontece com os bebés e as crianças. Outro ponto negativo relaciona-se com aquela pergunta que antes nos embaraçava: a do número que usamos. Se antes nos embaraçava dizer 46 ou 50, agora embaraça porque não sabemos que responder. É uma realidade dinâmica que não controlamos. Neste momento, reduzi drasticamente as hipóteses dos presentes de anos ou de Natal. E espero não ter reduzido a determinação dos que estavam a pensar em emagrecer. No fundo, há que ser positivo e lutar pelo que desejamos.