ruido silencioso

Palavras soltas de um ruído silencioso

27.11.05

Frases curtas

Sex is hereditary. If your parents never had it, chances are you wont either.
Joseph Fischer

16.11.05

Liberdade de ser

(A grande família, René Magritte)
Há dias assim. Dias em que temos a consciência de que o nosso melhor sorriso é essencial para mudar o dia e o ambiente de mal estar que se vive numa profissão e num local de trabalho. E, então, tentamos fazer rir os outros para que eles e nós próprios não pensemos como se tenta minar a nossa profissão e a importância da mesma numa sociedade com necessidade vital e urgente de educação e cultura. Mas, de repente, pedem-nos um conselho sobre fazer ou não greve. E o motivo da indecisão? MEDO. Dizia a colega de trabalho que tem medo do que possa acontecer no futuro a si e ao seu emprego. E, isto numa profissão da função pública em que o trabalhador só pode ser despedido por processo disciplinar e nunca por ter usado um direito constitucional como é o direito à greve. Vim para casa triste e arrasada. Que país é este em que um cidadão que deve transmitir a cultura da cidadania, dos direitos cívicos, do livre pensamento e outros que tais, tem medo de usar o direito mais inalienável que é o direito a ter outra opinião e a expressá-la sob a forma mais forte do protesto como é uma greve?
Cresci e formei-me como ser adulto num período revolucionário. Fui testemunha do que é a liberdade mas também a libertinagem e a irresponsabilidade. Formei a minha conciência de cidadã sob os alicerces da livre expressão do pensamento e da liberdade, responsável, de acção. E, hoje recordei o momento em que há uns 40 anos um padre ensinou a um grupo de crianças, em que me incluía, uma canção pedindo-nos para não a cantarmos em público. Hoje recordei esse momento, no fundo, uma forma de protesto desse padre, com uma profunda tristeza porque verifiquei que há quem sinta que a tem que cantar baixinho, para as paredes. O poema dizia:
(Não há machado que corte
a raíz ao pensamento)
(não há morte para o vento
não há morte)
Se ao morrer o coração
morresse a luz que lhe é querida
sem razão seria a vida
sem razão
Nada apaga a luz que vive
num amor num pensamento
porque é livre como o vento
porque é livre
(Carlos Oliveira)