Liberdade de ser
(A grande família, René Magritte)
Há dias assim. Dias em que temos a consciência de que o nosso melhor sorriso é essencial para mudar o dia e o ambiente de mal estar que se vive numa profissão e num local de trabalho. E, então, tentamos fazer rir os outros para que eles e nós próprios não pensemos como se tenta minar a nossa profissão e a importância da mesma numa sociedade com necessidade vital e urgente de educação e cultura. Mas, de repente, pedem-nos um conselho sobre fazer ou não greve. E o motivo da indecisão? MEDO. Dizia a colega de trabalho que tem medo do que possa acontecer no futuro a si e ao seu emprego. E, isto numa profissão da função pública em que o trabalhador só pode ser despedido por processo disciplinar e nunca por ter usado um direito constitucional como é o direito à greve. Vim para casa triste e arrasada. Que país é este em que um cidadão que deve transmitir a cultura da cidadania, dos direitos cívicos, do livre pensamento e outros que tais, tem medo de usar o direito mais inalienável que é o direito a ter outra opinião e a expressá-la sob a forma mais forte do protesto como é uma greve?
Cresci e formei-me como ser adulto num período revolucionário. Fui testemunha do que é a liberdade mas também a libertinagem e a irresponsabilidade. Formei a minha conciência de cidadã sob os alicerces da livre expressão do pensamento e da liberdade, responsável, de acção. E, hoje recordei o momento em que há uns 40 anos um padre ensinou a um grupo de crianças, em que me incluía, uma canção pedindo-nos para não a cantarmos em público. Hoje recordei esse momento, no fundo, uma forma de protesto desse padre, com uma profunda tristeza porque verifiquei que há quem sinta que a tem que cantar baixinho, para as paredes. O poema dizia:
(Não há machado que cortea raíz ao pensamento)(não há morte para o ventonão há morte)Se ao morrer o coraçãomorresse a luz que lhe é queridasem razão seria a vidasem razãoNada apaga a luz que vivenum amor num pensamentoporque é livre como o ventoporque é livre(Carlos Oliveira)
1 Comments:
No sé si he entendido bien el sentido de tu post, todavía estoy en el inicio del idioma portugués. Pero sí, es triste tener miedo de ejercer las acciones que a uno le indican su conciencia. Debemos apegarnos a esa luz que vive que nunca se apaga. Besitos.
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