ruido silencioso

Palavras soltas de um ruído silencioso

7.10.07

Cérebros lentos

Dizem que o cérebro humano é uma belíssima máquina. Hoje, pareceu-me que essa máquina reage tão mais lentamente quanto maior for a tragédia.
A paisagem era deslumbrante. Ouviam-se gritos no cimo do castelo. Talvez alguém testando o eco ou, então, daqueles gritos que se dão quando chegamos ao cimo do mundo.
A mulher chegou vinda não se sabe de onde. Primeiro demorei a aperceber-me do que dizia. O meu cérebro ficou perdido na análise do rosto lunático e dos gestos descoordenados.
"Viram duas meninas?"... "sózinhas"... "oito e dez anos"... As palavras foram chegando e acordando o meu cérebro. Essa expressão lunática devia-se ao desespero.
E o meu cérebro continua lento. Porque ainda não conseguiu responder-me o que sentirá uma mãe que perde o rasto às suas duas filhas.