ruido silencioso

Palavras soltas de um ruído silencioso

24.8.04

Ruído silencioso

“Pois que fez Santo António? Mudou somente o púlpito e o auditório”. (Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes) Vivemos rodeados de ruídos, de sons inarmónicos que nos entram pelos ouvidos, poluem os restantes sentidos e condicionam a expressão de sentimentos. As cidades estão repletas de ruídos submetendo as pessoas a oscilações constantes e inconscientes entre o torpor e a revolta. Os ruídos entram pelas casas adentro nos inúmeros canais e programas de televisão que, na sua essência, incitam a novas viagens entre o torpor e a revolta. Nos nossos computadores, estamos rodeados de outros ruídos: caixas de correio que nos oferecem diariamente mensagens que não solicitamos, salas de chat inundadas de pessoas que se desejam ouvir naquilo que escrevem sobre elas próprias, janelas publicitárias que se mostram no ecrã sem terem sido convidadas... Também eu produzo os meus ruídos (na verdade, com a idade isso está mesmo a piorar). Esqueço muitas vezes que à palavra dita não se pode fazer delete. Senti a necessidade de colocar em standby o meu próprio ruído, de olhar para ele para melhor o ouvir. E o blog é um desafio duplo: com a máquina e comigo mesma. Não o quero muito ruidoso. Espero que seja um ruído silencioso, que viaje por caminhos positivos e calmos. Se, nesses caminhos, encontrar outros ruídos, tanto melhor, serão bem vindos. Desde que não sejam muito ruidosos. :-)